Coração em pedaços

Obviamente todo este momento tem sido doloroso, desde que recebemos o diagnóstico ate os dias de hoje... Mas nada me corta mais o coração do que ter sido obrigada a me afastar do meu cachorro. Meu oncologista foi claro em relação à isso. Disse que não queria correr nenhum risco de infecção ou de qualquer bactéria ou de qualquer tipo de problema neste periodo de tratamento. Por isso, ele não achava razoável eu ter em casa, a todo momento, um cachorro presente. E cachorro de apartamento é quase uma pessoa ne, dorme na minha cama, sobe no sofá, eu beijo e abraço o tempo todo, e isso oferecia um risco que eu não podia correr nesse momento.
O Lula é meu principe. Sou completamente apaixonada por ele, e nossa relação é muito forte. Sei que para muitos pode parecer exagero, mas quem tem cachorro e quem tem um apego especial por ele, vai entender o que estou falando.

Quando eu estava triste, ele não saia de perto, deitava do meu lado e as vezes ate ficava encostadinho no meu rosto, me olhando. Quando ele saia pra passear com a Lucia e por acaso eu passava pela portaria, ao sentir meu cheiro ele ja começava a choramingar e me procurar.

Lulinha é peça rara, dorme de barriga pra cima, completamente esparramado. As vezes chega a roncar. Só late (e mto) quande me vê comendo e quer de qualquer maneira, e quando leva bronca sabe ate desfarçar....Olha para os lados, boceja, dá uma voltinha e ja esta ali de novo, aprontando...

É um cachorro que tem TOC (transtorno obsessivo compulsivo), se cisma com uma coisa, não há quem o faça esquecer. Inumeras vezes ja escondi alguma coisa que ele queria, e o bichinho não saiu do lugar onde eu havia escondido. Fica sentado olhando, fixamente, por horas a fio. Acho que a unica coisa capaz de fazer com que ele desista de algo, é o famoso bifinho. Nossa!!! "Quer bifinho?" é a frase preferida, abocanha o negocio da minha mão e sai emd esparada pela casa, se exibindo com seu presente.

Provavelmente é o cachorro com mais apelidos. Lulinha, Tuca, Tuquini, Quini.... Cada hora que eu olho para aquela bolinha de pelos, me dá mais vontade de amassar e criar novos nomes.

Desde o dia 19 de janeiro que eu não o vejo. Levamos ele para Araras e o Guto foi pega-lo para levar para seu canil. Aquele momento foi um dos mais dificeis desde que descobri a doença. Por nada desse mundo eu me separaria do Lula, e naquele momento senti o peso da doença e de tudo que ainda estava por vir. Ele foi antes da quimio começar, para tudo ja ir entrando nos eixos.

Não tem um dia sequer que eu não pense nele, é como criança, enche a casa, traz alegria. Volta e meia eu ligo para o Guto para saber noticias, e tudo esta correndo muito bem. Na verdade o Lula veio desse canil do Guto, a criação era de lá, então ja existe algum tipo de afinidade entre eles... E pelo que o Guto me conta, ele esta completamente encantado com meu cachorro. Dorme ate na cama dele, imagina!! Por ser um cachorro de apartamento, ele ficou na casa do Guto mesmo e não no canil. E esta bem, dominando a casa!

Isso é um alivio enorme pra mim, me sinto como uma mãe que abandona um filho. Fico imaginando oq ele possa sentir e pensar a meu respeito... O Guto sempre diz: " Leticia, ele é cachorro, não pensa como ser humano". Mas eu acho que pensa.... Meu maior medo é de ir buscar ele, e ele não gostar ou não lembrar mais de mim. Nossa, acho que entro em depressão!

Bom, tudo ja esta chegando ao fim, e não vejo a hora de pegar meu Tuquiniiiiiiii, não aguento mais de saudade!!!

Segura as pontas meu amor, Leticia ja esta chegandooooooooo!!!

TE AMO.